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LUSPATERCEPTE: impacto do escalonamento de dose, valor do uso precoce e relação entre hemoglobina e qualidade de vida em pacientes com síndrome mielodisplásica com necessidade transfusional

 Dr. Thiago Xavier, médico hematologista, coordenador do Serviço de Transplante de Medula Óssea do Hospital Ophir Loyola, e Dr. Breno Gusmão, hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comentam sobre três estudos que sugerem a eficácia do luspatercepte na redução da dependência de transfusões, na melhoria dos níveis de Hb e da qualidade de vida em pacientes com LR-MDS

A síndrome mielodisplásica de baixo risco (em inglês, low-risk myelodysplastic syndromes – LR-MDS) é uma condição hematológica que frequentemente resulta em anemia, causando fadiga e diminuição da qualidade de vida. O tratamento dessa patologia visa aumentar os níveis de hemoglobina (Hb) e reduzir a dependência de transfusões de glóbulos vermelhos (em inglês, red blood cell transfusions – RBC). Luspatercepte é uma terapia aprovada para tratar anemia em pacientes com LR-MDS que necessitam de transfusões de RBC, especialmente após falha ou inadequação ao uso de agentes estimuladores de eritropoiese (em inglês, erythropoiesis-stimulating agents – ESA).

O primeiro estudo teve como objetivo avaliar o benefício clínico da titulação de dose de luspatercepte em pacientes com LR-MDS na prática clínica dos EUA. Foram utilizados registros eletrônicos de mais de 3 milhões de pacientes em oncologia comunitária. Os pacientes elegíveis tinham 18 anos ou mais, foram diagnosticados com LR-MDS e tratados com luspatercepte. Foram incluídos aqueles que tiveram escalonamento de dose de luspatercepte para até 1,75 mg/kg e continuaram por pelo menos oito semanas na dose aumentada. Os resultados principais incluíram as taxas de independência de transfusão (em inglês, transfusion independence – TI) e mudanças nos níveis de Hb. Dos 350 pacientes recebendo luspatercepte, 236 (85%) tiveram escalonamento de dose. Dr. Thiago comenta que o escalonamento aconselhável parte da aplicação de, pelo menos, duas doses iniciais de 1 mg/kg de luspatercepte, com 20-30% dos pacientes alcançando TI. Escalonando para 1,33 mg/kg, 45-50% dos pacientes alcançaram TI, e para a dose máxima de 1,75 mg/kg, 65% dos pacientes atingiriam TI. Além disso, o escalonamento de dose de luspatercepte não gerou efeitos colaterais.

O segundo estudo teve por finalidade estimar os resultados de saúde e a carga de utilização de recursos de saúde associados ao uso de luspatercepte como tratamento de primeira linha (1L) vs. segunda linha (2L) em pacientes com LR-MDS dependentes de transfusões. Um modelo de simulação baseado em eventos discretos comparou os caminhos de tratamento com luspatercepte em 1L e 2L. Dados dos estudos COMMANDS e MEDALIST foram utilizados para modelar as probabilidades de resposta à redução da carga de transfusão (em inglês, transfusion burden – TB). Os resultados principais incluíram sobrevida, meses ajustados pela qualidade de vida, número de transfusões, hospitalizações e visitas ao pronto-socorro. Em conclusão, os resultados do modelo sugerem que receber luspatercepte no início do tratamento leva a benefícios na sobrevida ajustada pela qualidade e carga da doença. Além disso, alcançar a resposta ao luspatercepte na primeira linha em comparação com a segunda linha resulta em uma melhora substancial nos desfechos de saúde e na carga da doença.

O terceiro estudo explorou a relação entre os níveis de Hb e a qualidade de vida (em inglês, quality of life – QoL) em pacientes dependentes de transfusão tratados com luspatercepte ou epoetina alfa. Foi realizada uma análise post-hoc do ensaio clínico fase 3 COMMANDS, utilizando medidas de resultados relatados pelos pacientes (em inglês, patient-reported outcomes – PROs) e níveis de Hb. Os resultados deste estudo indicaram que o aumento nos níveis de Hb foi associado a melhorias significativas em todos os domínios de QoL. Pacientes que tiveram aumento de Hb ≥1,5 g/dL apresentaram melhorias maiores na QoL. Alcançar um nível de Hb ≥10 g/dL foi associado a melhorias clinicamente significativas na fadiga, dispneia e QoL geral.

Em conclusão, o escalonamento apropriado de dose é crucial para alcançar a independência de transfusões e a administração precoce de luspatercepte como tratamento de primeira linha oferece benefícios significativos em termos de sobrevida e qualidade de vida, além de reduzir a utilização de recursos de saúde. Além disso, a relação positiva entre níveis aumentados de Hb e a melhoria na qualidade de vida reforça a importância de metas adequadas de Hb no tratamento desses pacientes.

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Referências:

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