skip to Main Content

Zanubrutinibe vs ibrutinibe na macroglobulinemia de Waldenström sintomática: análise final do estudo randomizado de fase III, ASPEN

Em acompanhamento adicional de dois anos, estudo de fase III comparando a eficácia e segurança de dois inibidores de tirosina quinase de Bruton (BTK), demonstrou que o tratamento com zanubrutinibe em pacientes com macroglobulinemia de Waldenström apresentou segurança favorável e respostas mais precoces e duradouras

Escrito por: Andréia Ávila Soares de Oliveira

Revisado por: Guareide Carelli

O zanubrutinibe é um inibidor de tirosina quinase de Bruton (BTK) de última geração, também utilizado para o tratamento da Macroglobulinemia de Waldenström em adultos, uma doença maligna de células B caracterizada principalmente por infiltração linfoplasmocitária na medula óssea. 

Dados prévios do estudo ASPEN demonstraram eficácia comparável e perfil de segurança favorável do zanubrutinibe em comparação com o ibrutinibe, um inibidor de BTK de primeira geração. No entanto, como o desfecho primário não foi atingido em um acompanhamento com mediana de 19,4 meses, novas avaliações de eficácia e segurança em um acompanhamento adicional de dois anos foram apresentadas.

Neste estudo, pacientes com e sem histórico de terapias prévias foram incluídos em diferentes coortes. Na coorte I, 201 pacientes portadores da mutação MYD88MUT com mutação ou não em CXCR4 (respectivamente: CXCR4MUT e CXCR4WT) receberam 160 mg de zanubrutinibe 2 vezes ao dia (101 pacientes) ou 420 mg de ibrutinibe uma vez ao dia (99 pacientes). Na coorte II, 26 pacientes MYD88WT e 2 pacientes com status de mutação indeterminado receberam 160 mg de zabrutinibe duas vezes ao dia. 

Em uma mediana de 44,4 meses de acompanhamento, a taxa de pacientes na coorte I que apresentaram resposta parcial muito boa (RPMB) + resposta completa (RC) foi de 36,3% (IC: 95%; 27,0 – 46,4) no tratamento com zanubrutinibe e de 25,3% (IC: 95%; 17,1 – 35,0) no tratamento com ibrutinibe. Na coorte II, 30,8% (IC: 95%; 14,3 – 51,8) dos pacientes que receberam zanubrutinibe alcançaram RPMB e/ou RC. Dentre os pacientes portadores da mutação CXCR4MUT, a taxa de RPMB + RC observada no grupo que recebeu zanubrutinibe foi de 21,2% (IC: 95%; 9,0 – 38,9) e de 10% (IC: 95%; 1,2 – 31,7) no tratamento com ibrutinibe, enquanto em pacientes não portadores da mutação, as taxas foram de 44,6% (IC: 95%; 32,3 – 57,5) e 30,6% (IC: 95%; 20,2 – 42,5), respectivamente: zanubrutinibe e ibrutinibe. Além disso, pacientes tratados com zanubrutinibe, atingiram RPMB + RC mais rápido, com mediana de 6,7 meses, quando comparado ao grupo tratado com ibrutinibe, cuja mediana foi de 16,6 meses.

As medianas de sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) foram atingidas apenas na coorte I, em pacientes CXCR4MUT que receberam tratamento com ibrutinibe. Neste subgrupo, as medianas da SLP e SG foram respectivamente de 39,8 e 48,2 meses.  Em 42 meses de acompanhamento, as taxas de eventos livres para SLP foram de 78,3% (IC: 95%; 68,4 – 85,5) no grupo que recebeu zanubrutinibe e de 69,7% (IC: 95%; 58,9 – 78,2) dentre os pacientes tratados com ibrutinibe. Já na coorte II, 53,8% dos pacientes apresentaram eventos livres para SLP.  Ainda neste período, as taxas de SG foram similares entre as coortes do estudo.  

O tratamento com zanubrutinibe resultou em menor incidência de eventos adversos de qualquer grau, tais como diarréia (22,8% vs 34,7%), espasmos musculares (11,9% vs 28,6%), hipertensão (14,9 vs 25,5%), fibrilação/flutter atrial (7,9% vs 23,5%) e pneumonia (5,0% vs 18,4%).  Além disso, pacientes tratados com zanubrutinibe apresentaram menor incidência de descontinuação do tratamento devido a eventos adversos (8,9% vs 20,4%).  

Os resultados do acompanhamento prolongado do estudo ASPEN evidenciam a melhoria na segurança e tolerabilidade do tratamento com zanubrutinibe em comparação com o ibrutinibe, demonstrando ainda sua capacidade de gerar respostas mais precoces e duradouras em pacientes com macroglobulinemia de Waldenström, independente de mutações genéticas.

Referências: Dimopoulos MA, Opat S, D’Sa S, et al. Zanubrutinib Versus Ibrutinib in Symptomatic Waldenström Macroglobulinemia: Final Analysis From the Randomized Phase III ASPEN Study [published online ahead of print, 2023 Jul 21]. J Clin Oncol. 2023; JCO2202830. https://doi.org/10.1200/jco.22.02830.

Back To Top