Terapia sequencial com células CAR-T CD7 e TCTH alogênico sem profilaxia de DECH – uma terapia promissora na onco-hematologia
O uso de terapia sequencial com células CAR-T CD7 e TCTH alogênico sem profilaxia de DECH foi testado em estudo, mostrando-se seguro e eficaz, surgindo como uma terapia extremamente promissora na hematologia
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
Pacientes com neoplasias hematológicas recidivadas ou refratárias têm um prognóstico ruim. A terapia com células CAR-T como uma ponte para o transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) halogênico tem potencial para eliminação de tumores a longo prazo.
No entanto, os agentes utilizados para a mieloablação pré-TCTH e a profilaxia da doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD) têm efeitos tóxicos e podem erradicar células CAR-T residuais, comprometendo os efeitos antitumorais. Ainda não está claro se a integração da terapia com células CAR-T e TCTH alogênico pode preservar a função das células CAR-T e melhorar o controle do tumor.
Foi realizado então estudo que testou uma nova estratégia “tudo em um” que consiste em terapia sequencial com células CAR-T CD7 seguido de TCTH haploidêntico em 10 pacientes com leucemia ou linfoma CD7-positivos. Após a terapia com células CAR-T levarem pacientes à remissão completa com recuperação hematológica incompleta, os pacientes receberam TCTH haploidêntico sem mieloablação farmacológica ou medicamentos profiláticos para DECH. Efeitos tóxicos e a eficácia foram monitoradas de perto.
Após a terapia com células CAR-T, todos os 10 pacientes incluídos no estudo tiveram remissão completa com recuperação hematológica incompleta e pancitopenia grau 4. Após o TCTH haploidêntico, 1 paciente faleceu no 13º dia de choque séptico e encefalite, enquanto 8 pacientes apresentaram quimerismo completo do doador, e 1 paciente apresentou hematopoiese autóloga. Três pacientes apresentaram DECH aguda grau 2 associado ao TCTH.
A mediana de seguimento foi de 15,1 meses (variação de 3,1 a 24,0) após o CAR-T. Seis pacientes permaneceram em remissão completa com doença residual mínima negativa, 2 tiveram uma recaída de leucemia CD7 negativa e 1 morreu de choque séptico aos 3,7 meses. A sobrevida global estimada em 1 ano foi de 68% (intervalo de confiança [IC] de 95%, 43 a 100), e a sobrevida livre de doença estimada em 1 ano foi de 54% (IC 95%, 29 a 100).
Os autores concluem que esses achados sugerem que a terapia sequencial com células CAR-T CD7 e o TCTH haploidêntico é segura e eficaz, com remissões profundas, mas também eventos adversos graves, porém potencialmente reversíveis. Essa estratégia oferece uma abordagem viável para pacientes com tumores CD7-positivos que são inelegíveis para TCTH alogênico convencional. Essa estratégia terapêutica, a despeito do fato de ser extremamente promissora, ainda está longe de ser incorporada na prática clínica, e estudos mais robustos ainda devem ser realizados.
Referência:
- Hu, Y., Zhang, M., Yang, T., Mo, Z., Wei, G., Jing, R., Zhao, H., Chen, R., Zu, C., Gu, T., Xiao, P., Hong, R., Feng, J., Fu, S., Kong, D., Xu, H., Cui, J., Huang, S., Liang, B., Yuan, X., … Huang, H. (2024). Sequential CD7 CAR T-Cell Therapy and Allogeneic HSCT without GVHD Prophylaxis. The New England journal of medicine, 390(16), 1467–1480. https://doi.org/10.1056/NEJMoa2313812