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Estudos L-MIND e IN 2L-MIND: tafasitamabe (Minjuvi®) no tratamento do linfoma difuso de grandes células B

Dr. Jorge Vaz, hematologista e líder de área em mieloma múltiplo e gamapatias monoclonais no Grupo Oncoclínicas, apresentou no Simpósio Hemomeeting Centro-Oeste 2024 os avanços terapêuticos no cenário do LDGCB R/R, com enfoque no tafasitamabe e seus resultados nos estudos L-MIND e IN 2L-MIND

O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o subtipo mais comum de linfoma não-Hodgkin. Para casos recém diagnosticados, o padrão ouro de tratamento consiste no regime R-CHOP (Rituximabe, Ciclofosfamida, Doxorubicina, Vincristina e Prednisona), no entanto, 30%-40% dos pacientes apresentarão recaída ou refratariedade ao tratamento. 

Em segunda linha, as opções terapêuticas dependem da resposta ao R-CHOP, de modo que muitos pacientes (~50%) são inelegíveis a tratamentos mais agressivos como quimioterapia de alta dose e transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas (auto-TCTH) por motivos de idade avançada ou demais comorbidades.

Essa população de pacientes de pior prognóstico e com limitadas opções terapêuticas disponíveis, acabam configurando uma necessidade clínica não atendida. Nesse contexto, o tafasitamabe (Minjuvi®) é um anticorpo monoclonal anti-CD19 que trouxe consigo uma possível mudança de paradigma, já estando aprovado pelo FDA,

EMA e ANVISA para o tratamento de LDGCB R/R após sua performance no estudo L-MIND e que se encontra disponível para uso no Brasil.

O L-MIND é um estudo de fase II, braço único, aberto, multicêntrico que contou com 81 pacientes com LDGCB R/R inelegíveis para o transplante autólogo de células-tronco e tratados com uma a três linhas de terapias prévias, sendo inicialmente excluídos aqueles pacientes com refratariedade primária, os quais só começaram a ser considerados no estudo após uma mudança no conceito de refratariedade e, por consequência, alteração no protocolo clínico do estudo. Os pacientes receberam tafasitamabe (12mg/kg IV) + lenalidomida (25mg/dia oral) por até 12 ciclos, seguido de tafasitamabe em monoterapia em pacientes com doença estável ou melhor, até progressão da doença.

A taxa de resposta objetiva (ORR) foi considerada o endpoint primário do estudo, de modo que, segundo o update mais recente com 5 anos de follow-up publicado em 2024, foi de 57,5%, tendo 41,3% dos pacientes atingido a resposta completa (RC; n=33) na população total. Quando subdivido pelo número de linhas de terapias prévias, aqueles pacientes que receberam apenas uma linha de terapia prévia (n=40) apresentaram uma melhor ORR de 67,5% (52,5% de RC) comparado a 47,5% (30% de RC) daqueles com duas ou mais linhas. Com uma mediana de follow-up de 44 meses, a mediana de duração de resposta não foi atingida na análise global, nem na análise de subgrupos.

Do ponto de vista de sobrevida, o estudo obteve uma mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) de 11,6 meses (95%CI: 5,7-45,7) e mediana de sobrevida global de 33,5 meses (95%CI: 18,3 – não atingido). Na análise de subgrupos, pacientes com apenas uma linha anterior, apresentaram melhores desfechos de eficácia. Com relação ao perfil de segurança, os eventos adversos relacionados ao tratamento foram manejáveis e a sua incidência e gravidade reduziram após redução da exposição à lenalidomida, isto é, a partir do 13º ciclo já com o tafasitamabe monoterapia.

Dando continuidade às avaliações de performance de tafasitamabe, Sehn e demais colaboradores apresentaram, na ICML 2023, resultados de uma análise post-hoc (IN 2L-MIND). Foram avaliados pacientes do estudo L-MIND que receberam o regime tafasitamabe + lenalidomida em segunda linha (n=40) versus aqueles pacientes que seguiram para uma segunda linha padrão de tratamento antes da inclusão no L-MIND (n=40). Essa avaliação demonstrou que a administração de tafasitamabe e lenalidomida já em segunda linha é benéfico e traz melhores desfechos, traduzidos em uma mediana de SLP de 16,2 (95%CI: 7,0 – não atingido) versus 7,2 (95%CI: 4,1-11,4).

Os resultados aqui discutidos demonstram e suportam a aprovação acelerada de tafasitamabe (Minjuvi®) para o tratamento de LDGCB, tanto no FDA quanto na ANVISA, como sendo um regime terapêutico com benefícios clínicos expressivos, inclusive, a longo prazo, e com perfil de segurança manejável. Destaca-se, ainda, sua performance enquanto regime de segunda linha, podendo, futuramente, ranquear como uma segunda linha padrão para esse grupo de pacientes.

Referências:

  1. Sehn LH, Salles G. Diffuse Large B-Cell Lymphoma. N Engl J Med. 2021;384(9):842-858.
  1. Duell J, Abrisqueta P, Andre M, et al. Tafasitamab for patients with relapsed or refractory diffuse large B-cell lymphoma: final 5-year efficacy and safety findings in the phase II L-MIND study. Haematologica. 2024;109(2):553-566.
  1. Sehn LH, Kuruvilla J, Salles G, et al. Tafasitamab Plus Lenalidomide Versus Standard of Care as Second-line (2L) Therapy for Patients With R/R DLBCL: A Post Hoc Internal 2L Analysis of L-MIND (IN 2L-MIND). ICML 2023.
  1. Jorge Vaz. Avanços terapêuticos no cenário do LDGCB R/R: como tratar quando o transplante não é uma opção. Material apresentado no Simpósio Hemomeeting Centro-Oeste 2024.
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