Eficácia e segurança do venetoclax como terapia combinada na leucemia mieloide aguda recidivada/refratária: revisão sistemática e meta‑análise

Revisão sistemática mostra que os resultados de eficácia das terapias combinadas com venetoclax são promissores, porém os eventos adversos da terapia como infecções e plaquetopenia não são desprezíveis
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica agressiva. A despeito de inúmeros avanços na sua terapia, o número de pacientes que recaem ou são refratários ao tratamento ainda é muito grande. Entre as terapias inovadoras está o venetoclax, um inibidor seletivo da proteína anti-apoptótica BCL-2, que muitas vezes é utilizado com combinação com agentes hipometilantes, como azacitidina ou decitabina, ou ainda com citarabina.
No entanto, análises sistemáticas sobre a eficácia e segurança da terapia combinada com venetoclax para LMA recidivada ou refratária (R/R) ainda são escassas. Esta meta-análise apresentada buscou navegar pelo corpo de evidências existente para avaliar sistematicamente a eficácia e segurança das terapias combinadas com venetoclax no contexto específico de LMA R/R.
Foi-se então pesquisado sistematicamente nas bases de dados PubMed, Embase e Cochrane desde sua origem até novembro de 2023 para estudos em inglês sobre terapia combinada utilizando-se venetoclax em LMA R/R. Fora excluída duplicatas de estudos publicados, estudos incompletos, aqueles com dados incompletos, experimentos em animais, revisões de literatura e estudos sistemáticos. A meta-análise foi realizada utilizando STATA 15.1.
De 58 artigos identificados, sete foram incluídos na metanálise. A taxa de remissão completa combinada (RC) foi de 15,4% e a taxa composta de remissão completa (RCc) foi de 35,7%. A taxa de remissão parcial (RP) foi de 2,6%, enquanto a taxa de não remissão (NR) foi de 24,4%. A taxa de status de doença residual mínima negativa em pacientes com RCc (DRM-RCc) foi de 39,4%, e a taxa de estado livre de leucemia morfológica (MLFS) foi de 10,3%.
A incidência de eventos adversos incluiu diarreia (10,0%), náuseas (4,3%), vómitos (2,6%), hipocalemia (16,4%), hipomagnesemia (0,8%), diminuição do apetite (4,2%), fadiga (9,1%), neutropenia febril (39,6%) e trombocitopenia (28,4%).
Análises de subgrupos baseadas em combinações de medicamentos revelaram taxas variadas de RC e RCc. A combinação de venetoclax e azacitidina demonstrou-se superior, exibindo as taxas mais altas de RC (31,3%) e RCc (62,7%). Em contraste, venetoclax e idasanutlin mostrou uma taxa de RC moderada de 6,1% e uma taxa de RCc de 26,5%, enquanto venetoclax e mivebresib apresentam a RC mais baixa (3,3%) e uma taxa moderada de RCc de 8,0%.
Os autores da meta-análise concluem que, embora as terapias combinadas com venetoclax, particularmente com azacitidina, se mostrem promissoras na obtenção de boas respostas ao tratamento em pacientes com LMA R/R, uma avaliação abrangente do perfil de segurança é essencial. Ainda, é essencial ressaltar o aumento acentuado das taxas de incidência de neutropenia febril e trombocitopenia observada entre os eventos adversos. Desse modo, novas estratégias de tratamento e de combate aos eventos adversos ainda devem continuar sendo estudadas para que existam melhores desfechos com menos toxicidade no futuro.
Referência:
1) Jiao N, Shi L, Wang S, Sun Y, Bai Y, Zhang D. Efficacy and safety of venetoclax combination therapy for relapsed/refractory acute myeloid leukemia: a systematic review and meta-analysis. BMC Cancer. 2024;24(1):1271. Published 2024 Oct 13. doi:10.1186/s12885-024-13000-32