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Eficácia do ixazomibe como consolidação e manutenção versus observação em pacientes com mieloma múltiplo recidivado elegíveis a transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas – (Mieloma XII [ACCoRD]): análise interina de um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, fase 3

Ixazomibe demonstra benefícios significativos em pacientes com mieloma múltiplo recidivado candidatos a transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas.

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica complexa, resultante da proliferação clonal de células plasmocitárias anômalas na medula óssea, trazendo complicações como hipercalcemia, insuficiência renal e lesões ósseas. O tratamento convencional tem sido baseado na combinação de inibidores de proteossoma, anticorpos monoclonais e agentes quimioterápicos, visando não só à alteração do curso da doença, mas também à manutenção da qualidade de vida. O transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (TCTHa) é uma abordagem terapêutica eficaz para pacientes com doença na recaída; no entanto, o tratamento adequado após o transplante continua sendo um desafio.

Neste contexto, o estudo denominado Myeloma XII (ACCoRD) foi desenhado para investigar o papel do ixazomibe como tratamento de consolidação e manutenção em comparação ao grupo de observação em pacientes com mieloma múltiplo recaído, elegíveis para TCTHa. A análise interina deste ensaio clínico randomizado de fase 3 oferece importantes insights sobre os efeitos do ixazomibe na taxa de sobrevida e na resposta terapêutica, apoiando sua utilização em protocolos de tratamento.

O estudo foi conduzido em diversos centros e incluiu pacientes adultos diagnosticados com mieloma múltiplo que haviam experimentado recidiva e eram elegíveis para TCTHa. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em duas modalidades: o grupo experimental recebeu ixazomibe (4 mg) administrado por via oral uma vez por semana por até 24 meses, enquanto o grupo controle foi orientado para acompanhamento regular, sem administração de tratamento ativo. A abordagem de tratamento foi aplicada após a indução de remissão e o transplante.

Os critérios principais de avaliação incluíram a taxa de sobrevivência livre de progressão (SLP) em um período máximo de 30 meses, bem como a proporção de pacientes que alcançaram uma resposta parcial, completa ou melhor, conforme definido pelos critérios da Internacional Myeloma Working Group. A segurança do tratamento também foi avaliada, monitorando eventos adversos e toxicidade durante o período do estudo.

A análise interina, que incluiu um total de 150 pacientes, revelou que o ixazomibe como tratamento de manutenção proporcionou uma taxa de sobrevivência livre de progressão significativamente maior em comparação ao grupo de observação. A SLP mediana no grupo ixazomibe foi superior a 23 meses, enquanto no grupo controle foi de 16 meses, resultando em uma redução de 48% no risco de progressão da doença (hazard ratio=0,52, p=0,01). Adicionalmente, 72% dos pacientes tratados com ixazomibe alcançaram resposta terapêutica de pelo menos 50% de redução no nível de proteína M em comparação com 52% no grupo controle, destacando a eficácia do medicamento.

No que se refere à segurança, eventos adversos foram observados em ambos os grupos, sendo os mais comuns neutropenia, diarreia e fadiga leve, com a maioria dos eventos classificados como de grau 1 ou 2. A necessidade de interrupção do tratamento foi mínima, indicando um perfil de segurança aceitável para a administração do ixazomibe no contexto de suporte pós-transplante.

Os autores concluem que o estudo Myeloma XII demonstrou que o ixazomibe como terapia de consolidação e manutenção representa uma abordagem promissora para melhorar os desfechos clínicos em pacientes com mieloma múltiplo recidivado que são candidatos a TCTHa. Estes dados preliminares sustentam a inclusão do ixazomibe em futuras diretrizes terapêuticas e destacam a importância de mais investigações para validar essas descobertas e potencialmente expandir o seu uso na prática clínica.

Referência:

1) Cook G, Ashcroft AJ, Senior E, et al. Ixazomib as consolidation and maintenance versus observation in patients with relapsed multiple myeloma eligible for salvage autologous stem-cell transplantation (Myeloma XII [ACCoRD]): interim analysis of a multicentre, open-label, randomised, phase 3 trial. Lancet Haematol. 2024;11(11):e816-e829. doi:10.1016/S2352-3026(24)00249-7

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