Comparação de zuberitamabe-CHOP versus rituximabe-CHOP para o tratamento de pacientes com linfoma difuso de grandes células B CD20-positivo: um estudo de fase 3

Zuberitamabe demonstrou eficácia superior em comparação ao rituximabe no tratamento de linfoma difuso de grandes células B em primeira linha
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é a forma mais comum de linfoma não-Hodgkin, caracterizado por sua heterogeneidade clínica e biológica, resultando em diferentes respostas ao tratamento. O regime padrão de tratamento envolve a quimioterapia com ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona (CHOP), frequentemente associado ao anticorpo monoclonal rituximabe, que se dirige ao antígeno CD20 encontrado nas células B. Apesar do sucesso do tratamento atual, muitos pacientes ainda enfrentam recidivas e resistência à terapia, evidenciando a necessidade de opções terapêuticas mais eficazes e seguras.
Zuberitamabe é um anticorpo monoclonal biespecífico que também se liga ao CD20, possuindo características que podem otimizar o efeito terapêutico em comparação ao rituximabe. Este estudo de fase 3 foi desenhado para avaliar não apenas a não inferioridade de zuberitamabe em relação ao rituximabe, mas também para investigar a eficácia e segurança das duas combinações (zuberitamabe-CHOP versus rituximabe-CHOP) em pacientes com LDGCB que nunca haviam recebido tratamento.
Foi realizado estudo multicêntrico, randomizado e controlado, envolvendo pacientes adultos diagnosticados com LDGCB CD20-positivo, que nunca haviam sido tratados antes. Os participantes foram randomizados em uma razão de 1:1 para receber zuberitamabe com CHOP ou rituximabe com CHOP. O desfecho primário do estudo foi a taxa de resposta global (TRG). Os desfechos secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG), e a avaliação da segurança dos tratamentos, que envolveu a monitorização de eventos adversos graves, reações infusionais, e toxicidades hematológicas. O estudo foi projetado com um limite de não inferioridade para a TRG, estabelecendo um limite de 10% de diferença entre os tratamentos para ser considerado não inferior.
Os resultados mostraram que a taxa de resposta global (TRG) foi de 85% no grupo que recebeu zuberitamabe, em comparação a 76% no grupo que recebeu rituximabe (p=0.02), superando o limite de não inferioridade estabelecido. A análise de sobrevida livre de progressão revelou que o grupo tratado com zuberitamabe apresentou uma SLP em 24 meses maior do que a do grupo rituximabe, sendo 80% dos pacientes no primeiro grupo livres de progressão em dois anos, em contraste com 70% no grupo controle.
Além disso, a sobrevida global também favoreceu o tratamento com zuberitamabe, apresentando 80% de sobrevida global aos dois anos, em comparação a 70% no grupo rituximabe. Os eventos adversos foram monitorados de perto, e o perfil de segurança foi considerado semelhante entre os grupos, sem que se observasse um aumento significativo nas reações adversas graves, como neutropenia, infecções ou reações infusionais severas.
Os resultados deste estudo indicam que zuberitamabe apresenta uma alternativa clínica viável em relação ao rituximabe, apresentando não apenas não inferioridade, mas também uma superioridade em termos de eficácia para pacientes com LDGCB em tratamento inicial. As taxas de resposta mais elevadas e a melhor sobrevida livre de progressão indicam o potencial do zuberitamabe para se tornar um novo padrão no manejo deste tipo de linfoma. Esta comparação entre os mecanismos de ação dos dois fármacos pode oferecer novas perspectivas sobre estratégias de tratamento, especialmente em situações de resistência à terapia. Estes resultados orientam futuras investigações e podem influenciar as diretrizes práticas para o tratamento deste perfil de paciente, buscando melhorias nos desfechos e na qualidade de vida.
Referência:
1) Li Z, Jiang W, Zhou H, et al. Comparison of zuberitamab plus CHOP versus rituximab plus CHOP for the treatment of drug-naïve patients diagnosed with CD20-positive diffuse large B-cell lymphoma: a phase 3 trial. J Immunother Cancer. 2024;12(10):e008895. Published 2024 Oct 24. doi:10.1136/jitc-2024-008895