Avaliação de sobrevida global a longo prazo em pacientes com Linfoma de Grandes Células B tratados com Axicabtagene Ciloleucel
Após mediana de acompanhamento de 47,2 meses, o estudo clínico de fase III ZUMA-7 demonstrou ganho significativo da sobrevida global no braço do estudo tratado com a terapia CAR-T
Escrito por: Guilherme Ferreira de Britto Evangelista
Revisado por: Paulo Henrique Cavalcanti
O Linfoma de Grandes Células B (LGCB) é a malignidade linfoide mais comum, representando cerca de 30% dos diagnósticos de linfoma. Ainda que a taxa de sobrevida em 5 anos seja de 50-60%, aproximadamente 10-15% dos pacientes são refratários à primeira linha de tratamento e 20-30% apresentam recorrência após resposta completa (RC). Pacientes que apresentam relapso ou recorrência primária (menos de uma resposta completa ou recorrência entre 3-5 meses do início do tratamento) apresentam um pior prognóstico, sendo a terapia standard-of-care (SOC) em segunda linha a terapia de resgate com regimes de quimioimunoterapia, seguida de altas doses de quimioterapia e transplante autólogo de células-tronco em pacientes com doença quimiossensíveis.
Atualmente, com aprovação da terapia CAR-T em contexto de R/R LGCB em pacientes com pelo menos 2 linhas de terapia prévia, estudos começaram a avaliar a utilização dessa terapia em regime de 2ª linha em comparação ao SOC. Nesse cenário, o estudo clínico de fase III, ZUMA-7, avalia a eficácia e segurança do Axicabtagene ciloleucel (axi-cel), um CAR-T autólogo anti-CD19, que demonstrará anteriormente ganho de sobrevida livre de evento (SLE).
Publicado no The New England Journal of Medicine (2023), Jason Westin e demais investigadores apresentam resultados de longo-prazo avaliados em 359 pacientes early R/R LGCB. Esses pacientes foram randomizados 1:1 em braço axi-cel (n=180) e braço SOC (n=179) em uma mediana de follow-up de 47,2 meses com 82 e 95 óbitos reportados, respectivamente.
Na presente análise, o endpoint primário considerado foi a SLE e os secundários foram resposta e sobrevida global (SG) após 5 anos do primeiro paciente incluído na randomização. No braço axi-cel a mediana de SG não foi alcançada, comparativamente à mediana de 31,1 meses do braço SOC, de modo que a mediana
de SG estimada em 4 anos foi de 54,6% e 46%, respectivamente, resultando em um hazard ratio (HR) para óbito de 0,73 (95%CI: 0,54-0,98; p=0.03). O ganho de sobrevida foi observado na população intention-to-treat composta por 74% de pacientes com doença refratária primária e demais fatores de alto-risco. Com relação à sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelos investigadores, a mediana no braço axi-cel foi de 14,7 meses vs. 3,7 meses no braço SOC, com porcentagem de SLP em 4 anos de 41,8% e 24,4%, respectivamente, resultando em um HR de 0,51 (95%CI: 0,38-0,67). Nenhum novo óbito relacionado ao tratamento foi reportado.
Dessa forma, os resultados apontam para o Axicabtagene Ciloleucel como alternativa para 2ª linha de tratamento com capacidade de oferecer ganho de sobrevida global duradouro em relação ao atual standard-of-care.
Referência:
- Flowers CR, Odejide OO. Sequencing therapy in relapsed DLBCL. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2022.
- Westin JR, Oluwole OO, Kersten MJ, et al. Survival with Axicabtagene Ciloleucel in Large B-Cell Lymphoma. N Engl J Med. 2023.