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Benefício sustentado de zanubrutinib versus ibrutinib em pacientes com leucemia linfocítica crônica/linfoma de pequenos linfócitos recidivada ou refratária: análise comparativa final do estudo ALPINE

Zanubrutinib demonstra superioridade em eficácia e segurança frente ao ibrutinib, com redução de 49% no risco de progressão da doença ou morte

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

A leucemia linfocítica crônica (LLC) e o linfoma de pequenos linfócitos (LPL) são doenças hematológicas que, em sua forma recidivada ou refratária (R/R), apresentam desafios significativos no tratamento. Inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTK), como ibrutinib e zanubrutinib, revolucionaram o manejo dessas condições, oferecendo opções terapêuticas mais eficazes e menos tóxicas que a quimioterapia tradicional. No entanto, a comparação direta entre esses agentes é essencial para orientar decisões clínicas.

O estudo ALPINE foi desenhado para comparar a eficácia e a segurança de zanubrutinib versus ibrutinib em pacientes com LLC/LPL R/R. Esta análise final teve como objetivos principais avaliar a sobrevida livre de progressão (SLP), a taxa de resposta global (TRG) e o perfil de segurança dos dois fármacos, além de explorar diferenças significativas que possam impactar a prática clínica.

O ALPINE é um estudo de fase 3, randomizado, multicêntrico e aberto, que incluiu 652 pacientes com LLC/LPL R/R. Os participantes foram randomizados em uma proporção 1:1 para receber zanubrutinib (160 mg duas vezes ao dia) ou ibrutinib (420 mg uma vez ao dia). O desfecho primário foi a SLP, avaliada por um comitê independente. Desfechos secundários incluíram TRG, sobrevida global (SG) e incidência de eventos adversos (EA). Análises estatísticas utilizaram o teste de log-rank para comparar curvas de SLP e SG, com intervalos de confiança de 95% (IC 95%).

Zanubrutinib demonstrou superioridade em relação ao ibrutinib, com uma redução de 49% no risco de progressão da doença ou morte (HR, 0,51; IC 95%, 0,33-0,78; p < 0,001). A SLP em 24 meses foi de 78,4% para zanubrutinib versus 65,9% para ibrutinib. A TRG foi significativamente maior no grupo zanubrutinib (86,2% vs 75,7%; p = 0,002). Além disso, zanubrutinib apresentou menor incidência de EA graves (58,3% vs 63,0%) e menor taxa de descontinuação devido a EA (15,4% vs 22,2%).

Os resultados do estudo ALPINE confirmam a superioridade de zanubrutinib sobre ibrutinib em pacientes com LLC/LPL R/R, tanto em termos de eficácia quanto de segurança. A redução de 49% no risco de progressão da doença ou morte reforça o papel do zanubrutinib como uma opção terapêutica preferencial nesse cenário. Além disso, o perfil de segurança mais favorável, com menor incidência de EA graves e menor taxa de descontinuação, sugere que zanubrutinib pode melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos pacientes.

Apesar dos resultados promissores, algumas limitações devem ser consideradas. O estudo foi aberto, o que pode introduzir viés de avaliação. Além disso, o seguimento relativamente curto (24 meses) pode não capturar diferenças de longo prazo na SG. Estudos futuros devem explorar o impacto de zanubrutinib em subgrupos específicos, como pacientes com mutações de TP53 ou deleção 17p, e avaliar desfechos em períodos mais prolongados.

A análise final do estudo ALPINE demonstra que zanubrutinib é superior ao ibrutinib no tratamento de pacientes com LLC/LPL R/R, oferecendo maior eficácia e melhor perfil de segurança. Esses achados apoiam o uso de zanubrutinib como terapia de primeira linha nessa população, com potencial para melhorar desfechos clínicos e reduzir a carga de eventos adversos. A incorporação desse agente na prática clínica pode representar um avanço significativo no manejo da LLC/LPL R/R.

Referência:

1) Brown JR, Eichhorst B, Lamanna N, et al. Sustained benefit of zanubrutinib vs ibrutinib in patients with R/R CLL/SLL: final comparative analysis of ALPINE. Blood. 2024;144(26):2706-2717. doi:10.1182/blood.2024024667

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