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Eficácia e segurança da terapia combinada com talquetamabe e teclistamabe no mieloma múltiplo recidivado ou refratário

Combinação de anticorpos biespecíficos demonstra respostas promissoras em pacientes com mieloma múltiplo de difícil tratamento

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação descontrolada de plasmócitos na medula óssea. Apesar dos avanços terapêuticos, como inibidores de proteassoma, imunomoduladores e terapias celulares, muitos pacientes desenvolvem doença recidivada ou refratária (MM r/R), representando um desafio clínico significativo. Nesse contexto, terapias direcionadas a antígenos específicos, como o GPRC5D e o BCMA, têm emergido como estratégias promissoras.

O estudo em questão investiga a combinação de talquetamabe (direcionado ao GPRC5D) e teclistamabe (direcionado ao BCMA), dois anticorpos biespecíficos, como uma abordagem inovadora para o tratamento do RRMM. O objetivo principal foi avaliar a eficácia e a segurança dessa combinação, explorando sua capacidade de induzir respostas profundas e duradouras em pacientes previamente tratados com múltiplas linhas de terapia.

Este estudo de fase 1/2 incluiu pacientes com MM R/R que haviam recebido pelo menos três linhas de terapia prévia, incluindo um inibidor de proteassoma, um imunomodulador e um anticorpo monoclonal anti-CD38. Os participantes receberam talquetamabe e teclistamabe em doses escalonadas, com ajustes baseados na ocorrência de eventos adversos. A eficácia foi avaliada por meio de critérios padronizados, como taxa de resposta global (ORR), taxa de resposta completa (CR) e sobrevida livre de progressão (PFS). A segurança foi monitorada através da incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento.

A combinação de talquetamabe e teclistamabe demonstrou uma taxa de resposta global impressionante, com mais de 70% dos pacientes alcançando resposta parcial ou melhor. Além disso, uma proporção significativa atingiu resposta completa ou remissão mínima residual negativa, indicando uma atividade antitumoral robusta. A terapia combinada também mostrou um perfil de segurança gerenciável, com eventos adversos comuns incluindo citopenias e síndrome de liberação de citocinas, que foram predominantemente de grau leve a moderado.

A dupla ação sobre dois antígenos distintos (GPRC5D e BCMA) pareceu ser sinérgica, superando mecanismos de escape tumoral frequentemente observados em monoterapias. Esses resultados sugerem que a combinação pode ser uma opção viável para pacientes com MM R/R, especialmente aqueles com doença altamente refratária. No entanto, a ocorrência de eventos adversos relacionados ao sistema imunológico destaca a necessidade de monitoramento rigoroso e estratégias de mitigação.

A terapia combinada com talquetamabe e teclistamabe representa um avanço significativo no tratamento do mieloma múltiplo recidivado ou refratário, com respostas robustas e um perfil de segurança aceitável. Esses achados apoiam a continuação de estudos clínicos para confirmar a eficácia a longo prazo e explorar o potencial dessa abordagem em cenários de tratamento precoce. A combinação de anticorpos biespecíficos direcionados a múltiplos antígenos pode se tornar uma nova estratégia terapêutica para pacientes com opções limitadas.

Referência:

1) Cohen YC, Magen H, Gatt M, et al. Talquetamab plus Teclistamab in Relapsed or Refractory Multiple Myeloma. N Engl J Med. 2025;392(2):138-149. doi:10.1056/NEJMoa2406536

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