Novas modalidades e atualizações no manejo da doença falciforme: uma revisão sistemática

O desenvolvimento e implementação de novas terapias promove melhoria na qualidade de vida dos pacientes, contribuindo para uma maior sobrevida e redução das hospitalizações na doença falciforme
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
A doença falciforme é uma condição genética causada por mutações nos genes da β-globina, levando à produção de hemoglobina S, o que resulta na formação de glóbulos vermelhos em forma de foice, levando a complicações clínicas graves, como crises álgicas, infecções e danos orgânicos. A gestão desta doença tem evoluído significativamente nos últimos anos, com o surgimento de novas terapias que buscam não só aliviar sintomas, mas também modificar o curso da doença.
Este artigo revisa sistematicamente as mais recentes modalidades de tratamento e atualizações nas diretrizes de manejo da doença falciforme, focando em terapias inovadoras, avanços na gestão de crises e a importância da abordagem multidisciplinar.
A revisão foi realizada utilizando-se de uma busca abrangente em bases de dados eletrônicas, incluindo PubMed, Embase e ClinicalTrials.gov, para identificar estudos relevantes publicados até 2023. Os critérios de inclusão abrangeram ensaios clínicos, estudos observacionais e revisões anteriores que apresentassem dados sobre novas modalidades de tratamento da doença falciforme. A qualidade dos estudos foi avaliada conforme padrões estabelecidos, e os dados foram organizados tematicamente para análise.
Os resultados identificaram diversas novas abordagens terapêuticas, incluindo a terapia com hidroxiureia, que se mostrou eficaz na redução da frequência de crises e complicações. Outras inovações, como a terapia gênica e a transfusão de glóbulos vermelhos, demonstraram potencial significativo na modificação da doença. Os dados revelaram também uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes com a implementação dessas novas estratégias, contribuindo para uma maior sobrevida e redução das hospitalizações.
Nos últimos anos, diversas novas terapias foram aprovadas, incluindo L-glutamina (2017), voxelotor e crizanlizumab (2019), bem como exagamglogene autotemcel (Casgevy) e lovotibeglogene autotemcel (Lyfgenia) (2023). Esses tratamentos provaram-se eficazes no manejo dos efeitos agudos e crônicos da doença falciforme, incluindo anemia hemolítica, dor crônica, acidente vascular cerebral, crises vaso-oclusivas e síndromes de danos a múltiplos órgãos.
A discussão reflete sobre a importância da personalização do tratamento da doença falciforme, considerando a diversidade das manifestações clínicas entre os indivíduos. Embora as novas modalidades de tratamento apresentem resultados promissores, a integração de uma abordagem multidisciplinar que inclua cuidados psicossociais, monitoramento regular e educação do paciente é essencial. A adesão às diretrizes de manejo atualizadas é fundamental para maximizar os benefícios das novas terapias e melhorar o prognóstico a longo prazo dos pacientes.
Esta revisão sistemática evidencia os avanços significativos no manejo da doença falciforme, com novas modalidades de tratamento apresentando não apenas eficácia clínica, mas também benefícios substanciais na qualidade de vida dos pacientes. A contínua pesquisa e inovação são essenciais para aprimorar ainda mais as abordagens de tratamento e para garantir que todos os pacientes tenham acesso às opções mais recentes e eficazes. A implementação de estratégias multidisciplinares será crucial para otimizar os resultados clínicos e proporcionar um cuidado integral aos pacientes com doença falciforme.
Referência:
1) Patel ZV, Prajjwal P, Bethineedi LD, et al. Newer Modalities and Updates in the Management of Sickle Cell Disease: A Systematic Review. J Blood Med. 2024;15:435-447. Published 2024 Sep 12. doi:10.2147/JBM.S477507