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ASH 2024 – Estudo QUIWI: quizartinibe como nova abordagem no tratamento da LMA negativa para FLT3-ITD

Dr. Ederson Matos, médico do Hospital Amaral Carvalho, comenta os resultados finais do QUIWI e destaca o papel do quizartinibe no tratamento de LMA negativa para FLT3-ITD

O estudo QUIWI trouxe avanços importantes no tratamento de leucemia mieloide aguda (LMA) recém-diagnosticada negativa para FLT3-ITD. Baseado na hipótese de que a inibição de quinases como FLT3 poderia melhorar os resultados da quimioterapia padrão, o estudo avaliou o papel do quizartinibe, um potente inibidor tipo II, quando combinado à quimioterapia intensiva em pacientes com LMA aptos a esse regime. A pesquisa foi conduzida pelo grupo PETHEMA, que desenhou este ensaio clínico de fase II randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, para investigar a sobrevida livre de eventos (EFS) e a sobrevida global (OS) desses pacientes.

O ensaio QUIWI incluiu 284 pacientes com LMA recém-diagnosticada negativa para FLT3-ITD, entre 18 e 70 anos, recrutados em 45 centros na Espanha. O estudo consistiu em duas fases. A fase inicial aberta avaliou a segurança e a dose do quizartinibe (60 mg/dia por 14 dias) combinado ao regime de quimioterapia padrão (citarabina e idarubicina). Posteriormente, os pacientes foram randomizados em uma razão de 2:1 para receber quizartinibe ou placebo em combinação com quimioterapia.

O tratamento incluiu ciclos de indução, consolidação e uma fase de manutenção de 12 ciclos para pacientes que não realizaram transplante alogênico de células-tronco (TCTH). A monitorização de doença residual mínima (MRD) foi feita por PCR quantitativo para pacientes com mutações NPM1 e CBF, e citometria de fluxo multiparamétrica para outros subgrupos. O principal objetivo foi comparar a EFS, definida como o tempo até falha na obtenção de remissão, recaída ou morte.

Com um seguimento médio de 39,4 meses, os resultados mostraram benefícios importantes no braço tratado com quizartinibe. A mediana de EFS foi de 18,8 meses no grupo quizartinibe versus 9,9 meses no grupo placebo (HR 0,732; p=0,053). A sobrevida global (OS) também foi significativamente maior no grupo quizartinibe, com 61% dos pacientes vivos em 3 anos versus 46% no grupo placebo (HR 0,625; p=0,009).

Os benefícios foram observados em diferentes subgrupos, incluindo pacientes com menos de 60 anos (HR 0,63; p=0,067) e aqueles com 60 anos ou mais (HR 0,63; p=0,085). No total, 31,5% dos pacientes receberam TCTH após a primeira remissão completa (CR/CRi). A taxa de CR/CRi foi similar entre os grupos (77,2% no quizartinibe e 76,3% no placebo), sem novos sinais de segurança detectados.

O estudo QUIWI sugere fortemente que o uso de quizartinibe combinado à quimioterapia intensiva pode prolongar a sobrevida em pacientes com LMA negativa para FLT3-ITD. Esses achados destacam o potencial do quizartinibe como uma abordagem promissora no tratamento dessa condição. Um estudo global de fase III (Quantum-WT) está planejado para validar esses resultados.

Referências:

– Montesinos, P. et. al. Final Results of Quiwi: A Double Blinded, Randomized Pethema Trial Comparing Standard Chemotherapy Plus Quizartinib Versus Placebo in Adult Patients with Newly Diagnosed FLT3-ITD Negative AML. American Society of Hematology, 2024.

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