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Blinatumomabe adultos com Leucemia Linfoblástica aguda e DRM negativa

Estudo fase 3 publicado no NEJM conclui que a adição de blinatumomabe à quimioterapia de consolidação em pacientes adultos com LLA e doença residual mensurável negativa melhorou significativamente a sobrevida global

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

Várias melhorias no tratamento de adultos com leucemia linfoblástica aguda de linhagem B (LLA-B) na última década levaram a melhores desfechos clínicos. Entre esses avanços estão os regimes de quimioterapia intensiva baseados em esquemas pediátricos em adolescentes e adultos jovens, a avaliação de doença residual mensurável (DRM) para prognóstico e o desenvolvimento de imunoterapias. Apesar destes avanços, os resultados em adultos com LLA-B são inferiores aos das crianças, em parte devido às mais frequentes anomalias genéticas de alto risco e aos efeitos tóxicos de altas doses quimioterapia.

Blinatumomabe é uma droga biespecífica engajadora de células T, composta por uma região variável anti-CD19 ligada a uma região variável anti-CD3 que aproxima as células T dos blastos leucêmicos, levando à apoptose e lise celular. A adição de blinatumomabe, aprovado para o tratamento de pacientes recidivados ou refratários e com DRM positiva, pode também ter eficácia em pacientes com DRM negativa.

Em estudo de fase 3, foram incluídos pacientes de 30 a 70 anos de idade com LLA-B BCR::ABL1-negativo que tinham DRM negativa (definida como <0,01% de células leucêmicas na medula óssea avaliada por citometria de fluxo) após quimioterapia de indução e intensificação para receber quatro ciclos de blinatumomabe além de quatro ciclos de quimioterapia de consolidação ou receber apenas quatro ciclos de quimioterapia de consolidação. O endpoint primário foi a sobrevida global, e a sobrevida livre de recidiva foi um desfecho secundário.

O comitê de monitoramento de dados e segurança revisou os resultados da terceira análise interina e recomendou que fossem relatados seus resultados. Remissão completa com ou sem recuperação total das contagens foi observada em 395 dos 488 pacientes incluídos (81%). Dos 224 pacientes com status negativo para DRM, 112 foram designados para cada grupo. As características dos pacientes foram equilibradas entre os grupos.

Após uma mediana de seguimento de 43 meses, foi observada vantagem no tratamento no grupo blinatumomabe em comparação com o grupo apenas de quimioterapia em relação à sobrevida global (aos 3 anos: 85% vs. 68%; hazard ratio para morte, 0,41; intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,23 a 0,73; P = 0,002), e a sobrevida livre de recidiva em 3 anos foi de 80% com blinatumomabe e 64% no grupo quimioterapia (hazard ratio para recidiva ou morte, 0,53; IC 95%, 0,32 a 0,87). Uma maior incidência de eventos neuropsiquiátricos foi relatada no grupo blinatumomabe quando comparado ao grupo apenas com quimioterapia.

Os autores concluem que a adição de blinatumomabe à quimioterapia de consolidação em pacientes adultos com DRM negativa com LLA-B melhorou significativamente a sobrevida global. Trata-se de um trabalho extremamente relevante à prática clínica, no qual uma população de pacientes com doenças de alto risco para recidiva podem ter resultados muito melhores com a adição de imunoterapia à terapia de consolidação. A validação desses resultados em estudos posteriores e em estudos de vida real são esperados para uma implementação definitiva desta estratégia na prática clínica. 

Referência: 

  1. Litzow, M. R. et al. Blinatumomab for MRD-negative acute lymphoblastic leukemia in adults. N. Engl. J. Med. 391, 320–333 (2024)
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