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Epcoritamabe, um novo anticorpo biespecífico para o tratamento do linfoma difuso de grandes células B recidivado ou refratário

Epcoritamabe, um novo anticorpo biespecífico para o tratamento do linfoma difuso de grandes células B recidivado ou refratário

Uma nova opção terapêutica para uma população altamente refratária de pacientes com linfoma difuso de grandes células B

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima – Hematologista 

O linfoma não-Hodgkin de grandes células B (LGCB) é um grupo heterogêneo de malignidades hematológicas, no qual o manejo de pacientes recidivados ou muito refratários ainda é um desafio e uma necessidade médica não atendida – os desfechos são piores em pacientes com recidiva muito precoce ou primariamente refratários. Atualmente, existem diversos tratamentos disponíveis e em desenvolvimento para esses pacientes, destacando-se a terapia com células CAR-T. No entanto, disponibilidade de bioengenharia, cronogramas de fabricação e acesso são limitados globalmente. Desse modo, torna-se necessário o acesso a terapias efetivas, bem toleradas e mais convenientes. 

Epcoritamabe é um novo anticorpo biespecífico, administrado por via subcutânea, direcionado a CD3 e CD20, que atua redirecionando e ativando células T para eliminar células malignas que expressam CD20. 

Em uma coorte de expansão de estudo de fase I/II, de braço único, multicêntrico, aberto, em pacientes com linfoma de grandes células B progressivo e/ou refratário, CD20 positivos, e com pelo menos duas linhas terapêuticas anteriores (incluindo terapias anti-CD20), os pacientes receberam epcoritamabe subcutâneo em ciclos de 28 dias (com progressão de dose semanalmente no ciclo 1) até progressão da doença ou toxicidade inaceitável. O desfecho primário foi a taxa de resposta global, avaliado por comitê de revisão independente.

Em 31 de janeiro de 2022, 157 pacientes haviam sido tratados com epcoritamabe, com mediana de idade de 64 anos [20-83], e uma mediana de 3 [2-11] linhas terapêuticas prévias. Entre os pacientes incluídos 61,1% possuíam doença primariamente refratária, e 38,9% já haviam sido submetidos a terapia com células CAR T. Numa mediana de seguimento de 10,7 meses, a taxa de resposta global foi de 63,1% (IC 95%, 55,0 a 70,6) e a taxa de resposta completa foi de 38,9% (IC 95%, 31,2 a 46,9). A mediana de duração de resposta foi de 12 meses, porém entre os respondedores completos a mediana não foi atingida. Taxas de resposta geral e completa foram semelhantes nos principais subgrupos pré-especificados. Os eventos adversos mais comuns do tratamento foram síndrome de liberação de citocinas (49,7%; grau 1 ou 2: 47,1%; grau 3: 2,5%), pirexia (23,6%) e fadiga (22,9%). A síndrome de neurotoxicidade associada a células efetoras imunes (ICANS) ocorreu em 6,4% dos pacientes, com um evento fatal.

O tratamento com agente único epcoritamabe demonstrou altas taxas de resposta global, incluindo respostas completas profundas e duradouras. Eventos adversos foram administráveis, com poucas interrupções de tratamento. A síndrome de liberação de citocinas foi geralmente de baixo grau e previsível.

As altas taxas de resposta observadas com epcoritamabe em pacientes com LGCB refratários, incluindo pós-terapia com células CAR T, representam mais uma evidência do valor dos anticorpos biespecíficos neste cenário. Os autores do trabalho concluem que futuros estudos precisarão avaliar a viabilidade desta terapia com duração limitada, explorar combinações racionais e incorporar esse agente em linhas anteriores de tratamento.

Referência: 

Thieblemont, C., Phillips, T., Ghesquieres, H., Cheah, C. Y., Clausen, M. R., Cunningham, D., Do, Y. R., Feldman, T., Gasiorowski, R., Jurczak, W., Kim, T. M., Lewis, D. J., van der Poel, M., Poon, M. L., Cota Stirner, M., Kilavuz, N., Chiu, C., Chen, M., Sacchi, M., Elliott, B., … Lugtenburg, P. J. (2023). Epcoritamab, a Novel, Subcutaneous CD3xCD20 Bispecific T-Cell-Engaging Antibody, in Relapsed or Refractory Large B-Cell Lymphoma: Dose Expansion in a Phase I/II Trial. Journal of clinical oncology : official journal of the American Society of Clinical Oncology, 41(12), 2238–2247. https://doi.org/10.1200/JCO.22.01725

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